Orlando Ribeiro
Orlando Ribeiro



// Quando em 1911 nasceu, ninguém diria que o filho do Sr. António da Drogaria, nos anos 30, estaria a fundar as bases científicas da Geografia Nacional. // Humanista, amante das artes, erudito explorador do mundo, Orlando Ribeiro tornou-se na figura ímpar desta ciência tão menosprezada até então. Merecem ser partilhados os seus cadernos de campo, as fotos da sua inseparável Leica os testemunhos de quem partilhou a sua vida pessoal e profissional... // Num documento que pretende reunir a absoluta riqueza obtida através desse prisma tão perspicaz e sensível: o Olho do Geógrafo.
//A câmara viajará pelas paisagens... pela natureza ....pelos lugares ocupados pelo Homem que o mestre Orlando Ribeiro nos ajudou a compreender e a amar. //A Arrábida... a Beira Baixa... os Capelinhos ... a Ilha do Fogo são alguns dos locais onde voltaremos, procurando transportar para o século XXI a memória deste geógrafo português e a sua obra de incontornável valor ecuménico.


21 novembro 2010

Simpático email de Pedro Teles - Geógrafo

Caros colegas e amigos geógrafos:

Aqui vos deixo a minha muito modesta contribuição sobre o conhecimento pessoal que obtive da única vez que me encontrei com o Professor Orlando Ribeiro:

No início dos anos oitenta, já lá vão trinta anos bem contados, quando frequentava o curso de Geografia na antiga Faculdade de Letras da Universidade do Porto, correu célere entre nós, alunos do 2º ano (?) a notícia de que o Prof. Orlando Ribeiro viria à nossa instituição proferir algumas palavras na abertura de uma pequena palestra da autoria da Professora Suzanne Daveau. Como as instalações eram tudo menos condignas, sempre a «rebentar pelas costuras», não se conseguiu reservar nenhum anfiteatro para o efeito, apenas uma simples sala de aula, em que à falta de mais espaço se via gente - alunos e professores - sentados por todo o lado, até no chão e em cima das mesas...apesar do álgido dia do mês de Fevereiro (?) o calor era sufocante ... Talvez por isso o Professor Orlando Ribeiro, já bastante debilitado, pouco se demorou na sala, tendo a Professora Suzanne Daveau falado pelos dois, então ainda com o seu sotaque característico de acentuação francesa. No intervalo que ocorreu para alívio geral de todos, por puderem deixar aquela atmosfera pesada e quente, pude vislumbrar Orlando Ribeiro à conversa com o então muito jovem assistente João Garcia. Sem ousar aproximar-me muito, algo intimidado com a presença do mais ilustre geógrafo português, foi-me possível contudo sentir a força e o encanto, senão mesmo a bondade que emanavam da pessoa de maneiras decididas mas suaves, com um trajar sóbrio senão mesmo modesto e um olhar sereno mas atento à realidade das coisas. Pensei com os meus botões, algo que a continuada leitura das obras orlandianas ao longo destes anos não fez mais do que corroborar, que o douto mestre era e continua a ser, o Miguel Torga da Geografia, pelo estilo simples mas harmonioso, em que se sente o pulsar desta Terra e das suas Gentes, simultaneamente tão portuguesas quanto ibéricas, realidade que melhor que ninguém, o geógrafo de Lisboa deixou indelevelmente marcada nas centenas de artigos que publicou ao longo de mais de meio século de intensa actividade científica em que procurou acima de tudo, entender de uma forma humanista a impressiva marca do Homem na Paisagem.

Obrigado pela vossa atenção,

Pedro Teles, geógrafo

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